Introdução

O Íctio, causado pelo protozoário Ichthyophthirius multifiliis, é uma das doenças parasitárias mais comuns e perigosas em peixes de aquário. Frequentemente chamada de “doença dos pontos brancos”, manifesta-se por pequenos cistos brancos visíveis na pele e nadadeiras dos peixes. Este parasita ataca tanto peixes de água doce tropicais como de águas temperadas e pode levar à morte se não for tratado de forma adequada e rápida.


Principais Características do Íctio

O Ichthyophthirius multifiliis é um protozoário ciliado que possui um ciclo de vida direto (sem hospedeiros intermediários) e altamente contagioso. O parasita passa por três fases principais:

  1. Trofonte (fase parasitária): vive sob a pele ou epitélio das guelras do peixe, alimentando-se dos seus tecidos.
  2. Tomonte (fase reprodutora): após amadurecer, o trofonte deixa o peixe e forma um quisto no fundo do aquário, onde se divide.
  3. Térontes (fase infecciosa): os novos parasitas nadam livremente em busca de um hospedeiro.

Este ciclo pode completar-se em apenas 3 a 7 dias a temperaturas entre 24 °C e 27 °C, o que torna a doença extremamente agressiva e de progressão rápida.

Ciclo do Ictio fonte: Wikipedia

Deteção Precoce: Como Identificar o Íctio

A identificação precoce é crucial para evitar perdas no aquário. Os sinais mais comuns incluem:

  • Pequenos pontos brancos semelhantes a grãos de sal, especialmente nas nadadeiras, guelras e corpo;
  • Comportamento de coceira (os peixes esfregam-se contra objetos);
  • Letargia ou natação errática;
  • Perda de apetite;
  • Respiração acelerada, indicando infestação nas guelras.

Assim que os primeiros sintomas surgem, deve-se agir rapidamente, pois o parasita multiplica-se em poucas horas.

Peixe infectado com Ictio fonte: Cabi Digital Library

Tratamento Eficaz do Íctio

1. Aumento controlado da temperatura

Aumentar a temperatura da água para 28 °C a 30 °C acelera o ciclo do parasita, tornando-o vulnerável mais rapidamente à medicação. Este aumento deve ser feito gradualmente, evitando choque térmico nos peixes.

2. Medicação

As substâncias mais eficazes incluem:

  • Verde de malaquita
  • Formaldeído
  • Sulfato de cobre
  • Metronidazol, em casos mais avançados

As doses e duração do tratamento devem seguir rigorosamente as instruções do fabricante ou de um profissional de aquacultura. O tratamento deve continuar por pelo menos 5 a 7 dias após o desaparecimento dos sintomas.

3. Trocas parciais de água e sifonagem do fundo

Remover os tomontes antes da sua eclosão reduz drasticamente o número de parasitas no sistema.

4. Isolamento

Sempre que possível, os peixes afetados devem ser tratados em um aquário hospital, evitando a contaminação dos demais habitantes.


Prevenção: Como Evitar o Íctio no Aquário

  • Quarentena de novos peixes (mínimo 2 semanas);
  • Evitar variações bruscas de temperatura e manter parâmetros estáveis;
  • Manter boa qualidade da água com testes regulares de amónia, nitritos, nitratos e pH;
  • Evitar superpopulação, que causa stress e baixa imunidade;
  • Observar o comportamento diário dos peixes, identificando rapidamente alterações.

A prevenção passa, essencialmente, pela manutenção de um ambiente equilibrado e por boas práticas de aquariofilia.


Referências Bibliográficas

  1. Noga, E. J. (2010). Fish Disease: Diagnosis and Treatment. 2nd Edition. Wiley-Blackwell.
  2. Wedemeyer, G. (1996). Physiology of Fish in Intensive Culture Systems. Springer Science & Business Media.
  3. Alderman, D. J. (1985). Malachite green: a review of toxicity and use for treatment of fish diseases. Journal of Fish Biology, 27(5), 615–619.
  4. Schaperclaus, W., Kulow, H., & Schreckenbach, K. (1991). Diseases of Fishes. Volume 1. Akademie-Verlag.

Conclusão

O Íctio é uma ameaça séria e rápida para peixes de aquário, mas com observação atenta, ação rápida e medidas preventivas eficazes, é possível controlar e evitar surtos. A educação contínua do aquarista é a principal arma contra esta e outras doenças.

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