Introdução
O Íctio, causado pelo protozoário Ichthyophthirius multifiliis, é uma das doenças parasitárias mais comuns e perigosas em peixes de aquário. Frequentemente chamada de “doença dos pontos brancos”, manifesta-se por pequenos cistos brancos visíveis na pele e nadadeiras dos peixes. Este parasita ataca tanto peixes de água doce tropicais como de águas temperadas e pode levar à morte se não for tratado de forma adequada e rápida.
Principais Características do Íctio
O Ichthyophthirius multifiliis é um protozoário ciliado que possui um ciclo de vida direto (sem hospedeiros intermediários) e altamente contagioso. O parasita passa por três fases principais:
- Trofonte (fase parasitária): vive sob a pele ou epitélio das guelras do peixe, alimentando-se dos seus tecidos.
- Tomonte (fase reprodutora): após amadurecer, o trofonte deixa o peixe e forma um quisto no fundo do aquário, onde se divide.
- Térontes (fase infecciosa): os novos parasitas nadam livremente em busca de um hospedeiro.
Este ciclo pode completar-se em apenas 3 a 7 dias a temperaturas entre 24 °C e 27 °C, o que torna a doença extremamente agressiva e de progressão rápida.

Deteção Precoce: Como Identificar o Íctio
A identificação precoce é crucial para evitar perdas no aquário. Os sinais mais comuns incluem:
- Pequenos pontos brancos semelhantes a grãos de sal, especialmente nas nadadeiras, guelras e corpo;
- Comportamento de coceira (os peixes esfregam-se contra objetos);
- Letargia ou natação errática;
- Perda de apetite;
- Respiração acelerada, indicando infestação nas guelras.
Assim que os primeiros sintomas surgem, deve-se agir rapidamente, pois o parasita multiplica-se em poucas horas.

Tratamento Eficaz do Íctio
1. Aumento controlado da temperatura
Aumentar a temperatura da água para 28 °C a 30 °C acelera o ciclo do parasita, tornando-o vulnerável mais rapidamente à medicação. Este aumento deve ser feito gradualmente, evitando choque térmico nos peixes.
2. Medicação
As substâncias mais eficazes incluem:
- Verde de malaquita
- Formaldeído
- Sulfato de cobre
- Metronidazol, em casos mais avançados
As doses e duração do tratamento devem seguir rigorosamente as instruções do fabricante ou de um profissional de aquacultura. O tratamento deve continuar por pelo menos 5 a 7 dias após o desaparecimento dos sintomas.
3. Trocas parciais de água e sifonagem do fundo
Remover os tomontes antes da sua eclosão reduz drasticamente o número de parasitas no sistema.
4. Isolamento
Sempre que possível, os peixes afetados devem ser tratados em um aquário hospital, evitando a contaminação dos demais habitantes.
Prevenção: Como Evitar o Íctio no Aquário
- Quarentena de novos peixes (mínimo 2 semanas);
- Evitar variações bruscas de temperatura e manter parâmetros estáveis;
- Manter boa qualidade da água com testes regulares de amónia, nitritos, nitratos e pH;
- Evitar superpopulação, que causa stress e baixa imunidade;
- Observar o comportamento diário dos peixes, identificando rapidamente alterações.
A prevenção passa, essencialmente, pela manutenção de um ambiente equilibrado e por boas práticas de aquariofilia.
Referências Bibliográficas
- Noga, E. J. (2010). Fish Disease: Diagnosis and Treatment. 2nd Edition. Wiley-Blackwell.
- Wedemeyer, G. (1996). Physiology of Fish in Intensive Culture Systems. Springer Science & Business Media.
- Alderman, D. J. (1985). Malachite green: a review of toxicity and use for treatment of fish diseases. Journal of Fish Biology, 27(5), 615–619.
- Schaperclaus, W., Kulow, H., & Schreckenbach, K. (1991). Diseases of Fishes. Volume 1. Akademie-Verlag.
Conclusão
O Íctio é uma ameaça séria e rápida para peixes de aquário, mas com observação atenta, ação rápida e medidas preventivas eficazes, é possível controlar e evitar surtos. A educação contínua do aquarista é a principal arma contra esta e outras doenças.